Ezequiel nasceu em meados do ano 600 a.C., em Sarara, Palestina, na tribo de Levi: logo, era um sacerdote.
Tudo que sabemos a respeito desse profeta solitário advém de suas profecias escritas. Ele era filho de Buzi (um sacerdote) e por ser de uma família sacerdotal, Ezequiel era sacerdote e profeta.
O livro de Ezequiel revela que o profeta era casado (Ez 24.15-18) e tinha uma residência (Ez 3.24; 8.1). A respeito de sua personalidade e habilidades, parece ter sido bastante eloquente, inteligente, expressivo e impactante. Ele era capaz de suportar grande oposição e continuar obedecendo às exigências que Deus lhe fazia.
O profeta Ezequiel tinha a tarefa de proclamar a mensagem de Deus nas ruas tumultuadas e hostis da Babilônia. Enquanto Jeremias advertia os moradores de Jerusalém sobre a destruição iminente da cidade, Ezequiel pregou mensagem semelhante aos exilados da Babilônia.
Embora essas pessoas estivessem a milhares de quilômetros de distância da cidade santa e do templo, Deus não as deixaria sem informações. Ele enviou Ezequiel para advertir, exortar e consolar os exilados.
Deus manifestou-se a ele, com visões proféticas, que o acompanharam até ao fim da sua vida. No entanto, Ezequiel revelava tais visões ao seu povo, encorajando-o. Por isso, em pouco tempo, conseguiu obter certa autoridade entre o Povo de Israel; não deixou de realizar prodígios e milagres e todos os seus gestos tinham um objetivo bem preciso: ao profetizar a queda de Jerusalém, exortava o povo ao arrependimento; depois, o consolou com a promessa da libertação e do retorno à sua amada pátria.
Ezequiel começou a profetizar em meados de 593 a.C., chamando atenção para o cativeiro de Judá infligido pelos babilônios. Ele encerrou suas atividades em 571 a.C. com uma mensagem sobre o iminente juízo de Deus sobre o Egito por meio do mesmo monarca babilônico.

Ezequiel profetizou durante quatro períodos: 593 – 588 a.C. (Ez 1.1-25.17); 587 – 585 a.C. (Ez 26.1-29.16;30.20-39.29); 573 a.C. (Ez 40.1-48.35) e 571 a.C. (Ez 29.17-30.19). Ao todo, Ezequiel profetizou de 593 a 571 a.C., um período de 22 anos marcado pela queda de Jerusalém em 586 a.C.
Durante a vida e o ministério de Ezequiel, Israel (o Reino do Norte) havia se corrompido política e espiritualmente. A idolatria do povo o levou ao cativeiro por parte dos assírios, em 722 a.C. Naquela época, Judá (o Reino do Sul) possuía líderes tementes a Deus; todavia, estes também se deixaram envolver com a idolatria das nações vizinhas, embora experimentassem curtos períodos de avivamento.
O povo se recusou a dar ouvidos às advertências dos profetas a respeito das maldições e bênçãos preditas por Deus na aliança mosaica. Ezequiel profetizou que haveria uma catástrofe e que Judá e Jerusalém seriam feitos cativos.
No entanto, ele também tinha uma mensagem divina a respeito de uma futura restauração e renovação, baseada na fidelidade de Deus às promessas que fez em todas as alianças estabelecidas com Seu povo, desde Abraão.
Ezequiel recebeu e registrou revelações do Deus vivo estando exilado na Babilônia de 593 a 571 a.C. Como destacado ao falar aos seus companheiros de exílio, Ezequiel teve algumas visões (Ez 1-3; 8-11; 37; 40-48). Estas eram semelhantes em estruturas às visões de sonhos conhecidas na literatura mesopotâmica do sétimo e sexto séculos a.C.
Esses textos têm duas partes principais: uma introdução a respeito da situação como um todo, incluindo datas, local, circunstâncias e pessoas envolvidas; e em outra parte temos uma descrição da visão. Nos capítulos 37; 40-48, Ezequiel se utiliza de tal formato para apresentar visões apocalípticas e escatológicas. Vivendo na Babilônia, tanto Ezequiel como seus ouvintes estavam bastante familiarizados com esse tipo de literatura.
No restante do livro, Ezequiel se vale de temas e ilustrações a respeito da vida e da literatura religiosa da sociedade cujo julgamento ele predisse. De maneira geral, as nações que sofreriam o juízo divino seriam aquelas que haviam tratado Israel injustamente ou que estimularam o povo de Deus a envolver-se com a adoração a ídolos.
Além de visões e dos temas religiosos, Ezequiel utilizou várias técnicas literárias para comunicar a mensagem de Deus aos exilados, tanto em prosa como em poesia, parábolas e provérbios, lamentos e réquiens, alegorias e trocadilhos.
O propósito de Ezequiel era relembrar o povo sobre sua infidelidade (cap. 16) e também a respeito da fidelidade de Deus para com Suas promessas. Ezequiel ensinou ao povo que o castigo era o resultado natural da ira santa do Senhor contra o pecado. Também um meio de Deus disciplinar Seu povo de maneira amorosa, corrigindo suas crenças, redirecionando seu comportamento e restaurando o relacionamento entre Ele e Seus filhos. Com sua trajetória podemos notar que Ezequiel pregou aos exilados falando sobre a iminência do juízo divino e a necessidade de arrependimento individual e coletivo. Destaca-se o objetivo derradeiro do amor e do castigo de Deus.